VITÓRIA DA DERROTA
CONQUISTADA
no terceiro turno,
no segundo domingo
do primeiro mês…
Primeiro, perderam a eleição…
Em seguida, perderam a vergonha:
foram para os quartéis…
Perderam o senso do ridículo:
foram bater ponto, bater continência,
bater em retirada do serviço militar
“não obrigatório”…
Perderam o rumo:
foram para a capital…
Perderam o controle emocional:
pedra e pau…
Perderam a Educação Cívica e Moral:
foram parar na página policial…
Perderam o juízo:
da “ordem” e do “progresso”
para des-ordem e pre-juízo…
Perderam o prumo:
se enrolaram na bandeira,
derrubando seu mastro…
Perderam o equilíbrio:
caíram do cavalo…
Perderam a noção:
o respeito da nação…
Perderam a pose:
com o nariz empinado
para cantar o hino decorado,
de cor e salteado
Em teu seio
Ó liberdade
Desafia o nosso peito
A própria morte”
Perderam o “sentido”:
a posição de sentido, a esquerda,
a direita, a meia volta, volver…
Perderam o rebolado:
fizeram ronda no quarteirão
com patente de capitão,
do lado de fora do portão
para dentro do camburão…
Perderam a credibilidade:
ditas pessoas de bem,
vistas baderneiras porém…
Perderam o discurso:
de preservar o patrimônio,
destruindo-o, feito o demônio…
Perderam a audiência:
de projeção internacional
para “cadeia” nacional…
Perderam a cabeça:
encontraram o rabo entre as pernas…
Perderam a razão:
confirmaram, de novo, o botão verde
do segundo e último domingo
de votação…
Então, a vitória daquele que ganhou
e a derrota daquele que perdeu
ficaram maiores do que já haviam conquistado!
Marcha, soldado
Cabeça de papel
Se não marchar direito
Vai preso pro quartel
O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acode, acode, acode
A bandeira nacional
Que não se perca a fé,
a esperança em dias melhores:
segunda, terça, quarta,
quinta, sexta, sábado, domingo,
em especial, no feriado eleitoral…
O “mandato” só está começando…
E o de busca e apreensão também.
Por fim, perderam a viagem.
E. SANTANA
Desde 1970 fazendo arte.