A crise interna do Partido Verde de Salvador chegou ao ponto mais alto na última semana. Um grupo de 69 pré-candidatos e militantes informou à direção municipal que promoverá uma desfiliação em massa caso os vereadores com mandato continuem filiados na legenda para disputar as eleições em 2020. Resumindo: exigem a saída imediata de Paulo Magalhães Júnior, Henrique Carballal e Sabá. No documento, eles citam a ausência dos edis nas atividades partidárias e até mesmo participação em votações que ferem o programa partidário.
Em nota, o presidente municipal do PV, Eliel Sousa, que recebeu o documento, declarou que uma reunião da direção municipal deverá ser convocada para discutir a situação nos próximos 10 dias. Nos bastidores, por outro lado, a avaliação é que esse é mais um movimento do presidente estadual, Ivanilson Gomes. Conforme a Tribuna já havia informado anteriormente em primeira mão, corre o rumor que a estratégia é feita para priorizar a candidatura do titular da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, André Fraga.
A conta é simples: cada partido precisará fazer pelo menos 30 mil votos para conseguir cadeiras na Câmara Municipal, já que não haverá coligação. Com os vereadores com mandato saindo de cena, o partido ficará mais “atrativo” para novos filiados, que poderão ajudar na somatória de votos para eleger Fraga. O secretário, por sua vez, continua dizendo que ficará na secretaria até o fim do mandato do prefeito ACM Neto e que não será candidato no ano que vem, dedicando-se em seguida aos estudos.
Procurado pela reportagem, Carballal fez um ataque direto contra a cúpula do PV na Bahia. “Isso é um movimento esquisito. Um partido que se movimenta de acordo com a conjuntura é um partido que não tem sucesso. Os mandatos dos parlamentares não interessam ao partido? Por qual motivo? É muito triste você ver um partido de vereadores com mandato dizendo que querem eleger fulano de tal”, declarou. “Não respeitaram a minha história”.
“O presidente Eliel e os pré-candidatos entendem tanto do programa do PV quanto o candidato a senador Irmão Lázaro defendeu no Congresso Nacional”, alfinetou Carballal, em crítica direcionada a Ivanilson Gomes. Em 2018, o presidente estadual do PV foi primeiro suplente do então candidato Lázaro. O vereador também ressalta que tem afinidade com a cartilha da sigla. Mais até, inclusive, que os pares Sabá e Paulo Magalhães Júnior. Ambos entraram na sigla após indicação do prefeito ACM Neto (DEM).
Líder de governo na Câmara Municipal de Salvador, Paulo Magalhães Júnior, afirmou que os três vereadores do PV na Casa irão até o Tribunal Superior Eleitoral se for preciso para evitar a saída da legenda. “Eu, Carballal e Sabá vamos até o TSE. Vamos recorrer até as últimas instâncias. Mas não vamos deixar o movimento dos sem votos nos expulsar, não”, declarou, para a reportagem. “Somos PV de raiz. Adoro o verde”, completou o edil. Questionado se houve diálogo com o presidente municipal verdista, Eliel Sousa, Magalhães ironiza: “Não entendo nada do que Eliel fala”.
Também procurado, Ivanilson nega a articulações. “Não quero nem entrar nessa polêmica. Esse é um movimento interno do partido. Não sou o presidente municipal. Sou o presidente estadual. Inclusive, nas divisões que fizemos cuido mais do interior. As pessoas insistem em colocar meu nome”, declarou à reportagem. “Sugiro que Carballal procure o presidente municipal e converse. Acho que é isso. Não sou eu quem determina o que deve ou não acontecer no partido. Sou apenas presidente estadual. Estamos no momento vivendo a eleição municipal. Então, ele que procure o presidente municipal”, completou. Eliel não foi encontrado para comentar o caso.