O senador Otto Alencar (PSD) já imaginava qual seria o desfecho da crise interna do PSL. O baiano afirmou que a agora ex-líder de governo no Congresso Nacional, pela qual diz ter boa relação, já vinha dando sinais de “saturação” com o posto ao ficar no meio do fogo cruzado das crises criadas pelo Palácio do Planalto. “Já há algum tempo a gente observava na Câmara dos Deputados uma desarmonia muito grande dentro do partido. E isso vinha se agravando”, revela à Tribuna.
“Há alguns dias vinha conversando com a Joice, me dou muito bem com ela, e ela dizia que já estava numa posição de saturação de tanto trabalhar para apagar incêndio dentro do próprio partido. Nessa briga interna dentro do partido, o presidente do partido não se entendia com o presidente da República e nem com os filhos do presidente. E agora, o Luciano Bivar e outros tantos que são seguidores dele acharam que o Bolsonaro usou o ministro Sérgio Moro e a Polícia Federal para fazer aquele constrangimento de busca e apreensão nos endereços de Luciano Bivar. Diante disso, fazendo uma análise de fora do partido, culminou nessa disputa por lideranças. Isso reflete o que é o governo. Em nove meses gestando crises, uma atrás da outra”.
Segundo Otto, o governo Bolsonaro é “confuso” e “inseguro”. “Essa situação é muito grave. […] Apesar de tudo isso, o Congresso está aprovando as coisas”, avalia. O senador comentou também a notícia, divulgada pela revista Época na noite de ontem, dando conta no recuo de Bolsonaro em indicar o filho, Eduardo, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. “Ele percebeu que seria difícil ele passar. Se ele perdesse, ficaria muito mal para ele. Se ele tomou a decisão, espero que sim, espero que nesses nove meses tenha tido um ato de lucidez em não indicar o Eduardo”.
O pessedista também faz uma análise sobre a força que o presidente tem no Congresso, sobretudo diante das crises nos últimos dias. “Depende da pauta. Se a pauta for de interesse do país, não. Se for de interesse pessoal dele, nem força tem, que é o caso da indicação do filho dele [para a embaixada dos Estados Unidos]. Tanto é que ele não teve apoio e não mandou o nome do filho. Tem que separar o que é coisa de interesse pessoal dele e do grupo político dele”.
Eleições 2020
O PSD está se fortalecendo para a eleição de 2020. Com aval de Otto, que é presidente estadual da legenda, o ex-zagueiro do Bahia e do Vitória João Marcelo, que se filiou ao partido recentemente, vai disputar uma vaga na Câmara de Vereadores de Salvador na eleição de 2020. “Ele vai engrandecer o PSD. Nós já trabalhamos juntos, conheço o caráter dele, a personalidade, a sua capacidade de trabalho”.
Apesar de ter perdido prefeitos para o PP, Otto nega que exista uma disputa com o partido. “O PSD está tranquilo. Perdemos dois prefeitos agora para o PP. O prefeito de Teixeira de Freitas e de Alcobaça saíram e foram para o PP. Isso faz parte do jogo político. Estamos preocupados com a chapa de vereadores [em Salvador] e fazer dois ou três vereadores. […] Não há disputa com o PP. Sou amigo deles. Nunca teve e não vai ter. Em alguns lugares o PP apoio o PSD e em outros o PSD apoia o PP”.
Sobre a corrida pela prefeitura de Salvador, ele afirma que não há decisão sobre o assunto. “Até agora não decidimos. Temos dois nomes: Antonio Brito e Manassés. Estamos observando. Isso vai passar também pelas reuniões com o governador. Ele disse que nos municípios maiores ele gostaria de ouvir os presidentes dos partidos. Vamos ouvir o que o governador tem a dizer.”