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“Não vejo como uma alternativa factível”, diz Aleluia sobre fusão entre DEM e PSL

 

Em entrevista cedida ao Tribuna da Bahia, o ex-deputado federal José Carlos Aleluia (DEM) negou que o PSL e o Democratas estejam em processo de fusão. O tema ganhou força nos bastidores da política após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que vai criar o partido Aliança Pelo Brasil e deixar a sigla liberal. “Nunca vi esse assunto ser tratado no ambiente do partido. Nunca. Não vejo também como uma alternativa factível. O Democratas nunca discutiu isso. A única discussão que o Democratas fez há muito tempo atrás foi com o PTB, que não foi bem sucedida. De lá para cá nós não discutimos com nenhum partido”, declarou o baiano. Para Aleluia, o país vive um momento de transformação, e não de crise. “Não vivemos um momento tenso. Estamos em tempos de mudanças e transformações. É um momento em que o governo faz mudanças necessárias, não só as reformas. Há mudanças que estão surtindo resultados”, destacou, avaliando positivamente, por exemplo, a queda nos índices de violência no país. Ele também fez uma avaliação sobre o cenário eleitoral em Salvador e na Bahia para 2020 e 2022, respectivamente.

Tribuna da Bahia – Como o senhor está vendo o atual momento da política do país? É um momento tenso? José Carlos Aleluia – Não vivemos um momento tenso. Estamos em tempos de mudanças e transformações. É um momento em que o governo faz mudanças necessárias, não só as reformas. Há mudanças que estão surtindo resultados. O primeiro resultado a comemorar é a acentuada queda nos índices de criminalidade no país. O país vivia num ritmo de crescimento constante da violência e hoje estamos assistindo à queda da violência. Vivemos oito anos em recessão, sem gerar empregos e com desemprego crescente. O que vemos hoje é o crescimento de algo em torno de 1% até o final do ano. Todos os analistas avaliam que o ano que vem deve ser algo em torno de 2,5%. Então, nós estamos num momento de retomada do país. Eu sou otimista e entendo que o Brasil está vivendo um momento de retomada, e retomada é sempre um momento de esperança.

Tribuna da Bahia – O senhor integra o governo Bolsonaro e, de dentro do governo, como vê as sucessivas crises que são criadas pelo próprio presidente e pelo entorno dele?

Aleluia – Não chamaria de crises. O que acontece algumas vezes são alguns desentendimentos que são amplificados por setores da política e da imprensa, que fazem antagonismo ao presidente. É claro que tem setores importantes da imprensa que fazem oposição sistemática ao presidente da República. Isso faz com que tudo haja tentativa de se maximizar as divergências, os conflitos. Mas não há crise nenhuma. O país está retomando o crescimento. Como é que há crise? Não há crise. As pessoas se desentenderem com outras também não é crise. As pessoas estão usando a palavra crise de modo corriqueiro.

Tribuna da Bahia – A crise do PSL com o governo Bolsonaro é real e isso já dá sinais de reflexo no Congresso. A criação do novo partido é a solução para apaziguar os ânimos na base?

Aleluia – O Brasil é um país com muitos partidos. Nenhum presidente governou com um partido hegemônico. Nem os dois presidentes com partidos maiores, Fernando Henrique Cardoso e Lula, tiveram partidos que fossem superiores a 100 deputados. O único partido que teve mais de 100 deputados foi o antigo PFL no início do governo Lula. Então, o Brasil já está acostumado a viver com uma grande quantidade de partidos. E o governo fez a opção de não negociar o quórum de maioria. O que está havendo é que, pelo fato de o presidente não estar disposto a negociar ou trocar apoios, o Congresso está tendo um protagonismo, conseguindo avançar mais do que avançaria em outras circunstâncias.

Tribuna da Bahia – Isso ficou bem perceptível na votação da Reforma da Previdência, em que os presidentes Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre colocaram a pauta para andar sem esperar uma movimentação mais direta do Planalto…

Aleluia – Eu vejo isso como muito bom. A sociedade sentiu a necessidade de fazer reformas e, em razão do sentimento da sociedade, o Congresso liderado pelos dois presidentes da Câmara e do Senado, que são do meu partido, cumpriram um papel importante que serve para o país como um todo e que favorece a economia brasileira e o próprio governo.

Tribuna da Bahia – Como o senhor vê a ascensão do Democratas, que já foi ameaçado de extinção, e hoje comanda a Câmara e o Senado? O partido se tornou estratégico e fiel da balança para o próprio governo no Congresso.

Aleluia – É a vitória da coerência. É a vitória de um partido que sempre cultivou valores, princípios, propostas e que zelou pelos seus quadros. No momento em que foi necessário, o partido agiu para excluir dos quadros os seus que estavam tendo comportamento inadequado e nós sofremos muitos. Tivemos mais de 100 deputados e fomos a 21 deputados, mas isso foi resultado da coerência. E agora nós estamos colhendo os frutos da mesma coerência.

Tribuna da Bahia – O partido é integrante da base do governo Bolsonaro, mas não faz parte de uma base formal. Com tantos espaços ocupados, não cogitam assumir a postura de defesa mais direta do governo?

Aleluia – O partido tem ministros importantes, a exemplo do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O ministro da Saúde [Luiz Henrique Mandetta] está fazendo uma verdadeira revolução na atenção básica de saúde. Você vê que não há nem como a oposição criticar o Ministério da Saúde na área da atenção básica. E tem uma ministra da Agricultura, que se tornou uma verdadeira embaixadora da agricultura brasileira que é hoje o principal vetor de sustentação da economia brasileira. A ministra Tereza Cristina é uma grande ministra. Portanto, o partido está bem no governo. O presidente não negociou base. Mas como a grande maioria das propostas do governo coincidem com os programas, valores e propostas do Democratas, o partido votou e vai continuar votando com o governo.

Tribuna da Bahia – O movimento para o Democratas se fundir com o PSL após a saída do presidente Bolsonaro, o senhor vê com bons olhos? Quantos deputados podem passar a integrar o novo partido?

Aleluia – Nunca vi esse assunto ser tratado no ambiente do partido. Nunca. Não vejo também como uma alternativa factível. O Democratas nunca discutiu isso. A única discussão que o Democratas fez há muito tempo atrás foi com o PTB, que não foi bem sucedida. De lá para cá nós não discutimos com nenhum partido. Se alguém tiver discutido, terá que levar para a executiva nacional para tratar do assunto. Não acredito nisso, porque não vejo vantagens nem para o Democratas e nem para o PSL.

Tribuna da Bahia – Como o senhor viu a decisão do Supremo de rever a prisão em segunda instância e a liberdade do ex-presidente Lula?

Aleluia – O Congresso provavelmente vai promover alterações na Constituição para que se estabeleça sobre os limites dos recursos. Entendo que o Supremo Tribunal Federal não é tribunal de recurso. É um tribunal constitucional. Entendo que o direito à ampla defesa não pode parar no nível do Supremo Tribunal Federal, e sim do Superior Tribunal de Justiça. O Congresso vai promover a mudança nesse sentido.

Tribuna da Bahia – O que representa a soltura do ex-presidente Lula, na sua visão?

Aleluia – Olha, eu nunca desejei ou comemorei a prisão de Lula, porque não comemoro a prisão da política. Lula é um político, um político que foi condenado. Condenado não por atos políticos, mas por desvios de conduta que lhe acusam e que lhe condenam. Então, vejo a sua liberdade como um fator natural da Justiça e a sua presença nas ruas como um fato da política. Não me sinto bem em ver um político preso, seja ele de qualquer tendência. Acho que o momento brasileiro não favorecerá o crescimento de Lula e nem de quem defende as suas ideias, porque o que está ficando provado é que o atual governo, com as reformas e a condução da economia brasileira, vai trazer de volta o crescimento, o emprego e a paz.

Tribuna da Bahia – A soltura do ex-presidente vai obrigar o próprio Bolsonaro a ter outra postura?

Aleluia – O presidente não vai mudar a posição dele. Ele se baseia muito em valores que ele preza e tem dito, embora muitos queiram desvirtuar isso, o compromisso dele com a democracia. É natural da democracia que haja antagonismo. É claro que depois de mais de 500 dias encarcerado, o ex-presidente Lula pode ter cometido excessos nos seus primeiros pronunciamentos. Mas ele próprio vai ser levado à serenidade, porque vai ver que, se ele pretende ter espaço na política brasileira, esse espaço não virá do radicalismo. Virá da serenidade que ele porventura irá conquistar quando entender que o Brasil vive da democracia e que não aceita comportamentos que ele teve no seu primeiro pronunciamento, onde ele acusou o Ministério Público, a Justiça, a imprensa e todos, como se ele fosse rejeitado por todos – o que não é verdade. Ele foi condenado por crimes comuns e por esses crimes ele vai continuar respondendo, como está respondendo por outros. Então, acho que ele cometeu excessos.

Tribuna da Bahia – Como o senhor vê a ascensão do procurador Augusto Aras à frente da Procuradoria-Geral da República? A gente vive algum tipo de ameaça à Operação Lava Jato e ao combate à corrupção no país?

Aleluia – Conheço Augusto e ele certamente dará todo o apoio ao combate à corrupção. Augusto simplesmente não pertence a nenhum dos grupos corporativos do Ministério Público. Pelo fato do Ministério Público ter cultivado uma eleição em que ele terminou se dividindo em dois grupos corporativos que se digladiavam nas eleições internas. Vejo o Augusto Aras como alguém que vai valorizar o MPF, a atuação do MPF no combate ao crime em geral e no combate à corrupção, em particular. Comemoro, como admirador de Augusto, a sua ascensão como PGR.

Tribuna da Bahia – Como viu os vazamentos pelo site The Intercept? Isso contribuiu de alguma forma para a mudança de postura do Supremo diante da própria investigação da Operação Lava Jato?

Aleluia – Não há dúvidas que os vazamentos são desconfortáveis, como todo vazamento de conversas entre pessoas. Deixou muito desconfortável muitos procuradores que tiveram comportamentos que não eram adequados para um procurador, embora eles [os vazamentos] tenham sido obtidos com dolo e sem fundo legal. Não foi bom e exigiu uma movimentação, não só do ponto de vista do Supremo Tribunal Federal, mas acho que o próprio Conselho Nacional do Ministério Público vai examinar o problema.

Tribuna da Bahia – O que esperar do pacote de reformas enviado pelo presidente para o Congresso Nacional?

Aleluia – Ele traz muita coisa que facilita a retomada da economia, mas como em todas as mudanças que exigem emenda constitucional, não é uma coisa que vai acontecer num passe de mágica. É preciso que a sociedade aceite a ideia de que nós temos que combater privilégios. Privilégios que, aliás, foram combatidos na Reforma da Previdência. Essas mudanças agora são exatamente para combater privilégios. O Estado Brasileiro deve servir a todos de maneira igual e não criar castas de privilegiados.

Tribuna da Bahia – Como avalia o governo Rui Costa?

Aleluia – O governo está demonstrando cansaço. Cansaço que limita a sua criatividade. E é evidente que é um governo que realizou algumas obras com o governo federal e se apropriou muito bem dos recursos federais utilizados, mas é um governo não estruturou o Estado para o crescimento. Recentemente postei nas minhas redes sociais uma tabela onde eu mostro as setas relativas às economias baianas no período do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner. A Bahia vem perdendo posição de forma assustadora. Nós que somos um Estado com população muito maior que Santa Catarina, temos um PIB [Produto Interno Bruto] ultrapassado por Santa Catarina. Hoje perdemos para São Paulo, para o Rio, para Minas, para Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul… E se continuarmos com essa decadência econômica, poderemos ser passados pelo PIB do Distrito Federal.

Tribuna da Bahia – Como vê o processo eleitoral de 2020 em Salvador? A candidatura de Bruno Reis a prefeito se viabiliza?

Aleluia – Não tenho nenhuma dúvida. Bruno está trabalhando muito. Tem uma afinidade muito grande com a equipe da qual faz parte e o governo que nós estabelecemos em Salvador desde o início de 2013 só tem sido motivo de alegria para os soteropolitanos e para os que visitam a cidade. Bruno é um jovem órfão que conseguiu ascender na vida pública com muito esforço e sacrifício, tem todas as condições de suceder o prefeito ACM Neto. Eu vou trabalhar o nome dele com toda a força que puder, porque acho que ele é um jovem político que vai trazer muita alegria para Salvador.

Tribuna da Bahia – Como vê o movimento do secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, de migrar do DEM para o PDT? Tem espaço para duas candidaturas na base ou isso faz parte de um jogo para composição de uma chapa única?

Aleluia – Às vezes o problema do conjunto de um partido, ou até mesmo do diretor de teatro ou técnico de futebol, é que quando ele tem mais de um nome bom, tem problema para escolher. Leo é um nome muito bom também. Ele está fazendo a diferença na secretaria de Saúde. Por isso as pessoas perguntam ‘E Leo, está fazendo movimento?’. Olha, Leo está fazendo movimento porque quer mostrar o trabalho que está fazendo na Saúde. Quem quer ganhar a eleição, tem que buscar alianças. Nós não podemos fechar as portas.

Tribuna da Bahia – Mas há um movimento aí nessa discussão de o PDT encabeçar uma candidatura própria com Leo Prates. E o prefeito ACM Neto já falou que vai ter apenas uma candidatura dele na base…

Aleluia – Leo é leal ao grupo liderado por ACM Neto em Salvador. Ninguém espera que Leo vá fazer algo que não seja em comum acordo com o grupo que ele participa. Ele é muito correto. O grande problema é que ele é competente. O eleitor fica imaginando que ele possa concorrer agora com Bruno. Mas a decisão será tomada no momento certo. Qualidade ele tem.

Tribuna da Bahia – Que jogo o PT e seus aliados vão jogar? Qual estratégia o governador Rui Costa vai organizar no próprio grupo? Quantas candidaturas ele vai lançar?

Aleluia – Ele enfrentará dificuldades, porque até agora não apareceu nenhum candidato além do Sargento Isidório, que já está fazendo campanha. Não acredito que ele seja o único candidato, mas o governador está com dificuldades para achar nomes. Enquanto Neto tem mais de um nome, o governador não tem nenhum.

Tribuna da Bahia – Há um sentimento na população que é importante manter o governo com o PT e a gestão da prefeitura com o Democratas?

Aleluia – Em 2020 estamos disputando a prefeitura de Salvador. A ousadia da gestão municipal de construir com recursos próprios um Centro de Convenções para salvar o turismo em Salvador já é um exemplo que por si só já fala muito alto. Quanto a 2022, só em 2022.

Tribuna da Bahia – Quais os planos e o tamanho do Democratas para 2020 na Bahia?

Aleluia – Na Bahia vamos trabalhar com algumas possibilidades de reeleição e vamos trabalhar para estarmos presentes nas principais cidades. Acho que o partido não vai decepcionar, embora alguns dos partidos aliados que podem ser ajudados por nós, como PSDB. Mas estaremos presentes enfrentando a máquina.

Tribuna da Bahia – Como viu o bate-boca nas redes sociais entre o vereador Alexandre Aleluia (DEM) e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL)?

Aleluia – A ex-líder do governo mostrou o destempero. Por isso não continuou líder, porque é uma destemperada. Por coincidência, viajei ao lado dela de Brasília para Salvador dois dias antes. E não notei que era ela. Não a conheço. Foi um destempero dela em discutir com um jovem e eu acho que foi muito ruim para ela e muito bom para o vereador de Salvador.

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