O campo de oposição ao governador Rui Costa (PT) está se organizando para a eleição de 2020. Os principais nomes cogitados para a disputa são ligados ao prefeito ACM Neto (DEM): além do vice-prefeito, Bruno Reis (DEM), estão no páreo Leo Prates e Kaio Moraes. Bruno, que também é secretário de Infraestrutura, nome natural para a sucessão, assumiu a maior fatia de inaugurações da prefeitura e, em tom de pré-campanha, visita o maior número possível de comunidades para se tornar conhecido.
Nos bastidores, o comentário geral é que ele tem até dezembro para pontuar bem nas pesquisas. Do contrário, será rifado. Se a estratégia não vingar, ele deve perder espaço para o secretário de Saúde, Léo Prates. O gestor, que transita bem entre os partidos de centro e esquerda, tem amplo apoio de vereadores, tanto na base quanto na oposição, e faz questão de publicizar todas as suas ações dentro da pasta. Já Kaio Moraes diz que é cedo para fazer qualquer tipo de projeção, mas também não negou a possibilidade.
Neto, no entanto, pode ter que lidar com uma rebelião em sua própria base. Pela primeira vez o PSDB também planeja ter um protagonismo maior na Bahia. Os tucanos ensaiam a possibilidade de sair do ninho carlista e alçar voos mais altos, lançando um candidato próprio na majoritária por Salvador. O ex-deputado federal João Gualberto (PSDB) disse que pode ser candidato em 2020. “Legislativo não vou mais. Agora, posso e não posso ser candidato à majoritária. Se for para ser candidato, é a prefeito de Salvador”, disse, em fevereiro.
O deputado estadual e ex-presidente da Câmara Municipal de Salvador, Paulo Câmara, também foi um dos que colocou o próprio nome à disposição para disputar o Palácio Thomé de Sousa. Nos bastidores, o comentário é que ele não vai abrir mão tão fácil de encabeçar a possível chapa tucana. O deputado estadual Tiago Correia (suplente de Prates na Assembleia Legislativa da Bahia) é outro que se colocou para a disputa (este, no entanto, tem mais chances de se candidatar a vereador no ano que vem). Lançar um nome virou questão de sobrevivência no PSDB. Com a nova lei eleitoral, o partido precisa se fortalecer para fazer uma boa bancada de vereadores no legislativo municipal. Há um temor generalizado de que o grupo perca espaço para o Democratas.
Dividido entre as bases do prefeito ACM Neto e do governador Rui Costa, o PL [antigo PR] chegará a 2020 com um dilema: para qual lado caminhar? O presidente do partido em Salvador, deputado federal Abílio Santana, afirmou que a sigla decidiu abrir mão de lançar candidato próprio à prefeitura em 2020 para apoiar o postulante que for escolhido por Neto, com preferência ao nome de Bruno Reis. Por outro lado, o presidente estadual partido, José Carlos Araújo, diz que a declaração de Abílio é pessoal e não corresponde à posição oficial da legenda.
Siglas menores também se articulam. O Republicanos (antigo PRB) deseja repetir oito anos depois a candidatura do deputado federal Márcio Marinho em Salvador. O partido NOVO é outro que quer ganhar capilaridade eleitoral com um candidato próprio. A sigla inovou ao lançar um processo seletivo para escolher o postulante. Nos bastidores, no entanto, corre a informação de que o vereador Cezar Leite, atualmente no PSDB, está planejando deixar a sigla atual para um voo solo na sigla.
O PSL, por sua vez, tenta emplacar o vice do sucessor de Neto, mas encontra resistência frontal no núcleo de governo. O próprio Bruno Reis descarta uma dobradinha com os nomes do grupo. Já o deputado estadual Alan Sanches (DEM), por sua vez, já manifestou intenção de ser possível vice de Bruno e que aceita até mudar de partido se for preciso. E tem também o MDB, que resiste em apoiar o vice-prefeito e negocia, inclusive, com o presidente da Câmara, Geraldo Júnior – que atualmente está no SD.