Determinado a dar uma lição na insubordinação de Marcelo Nilo (PSB), que prepara seu desembarque da base governista para apoiar a eleição de ACM Neto (DEM) ao Palácio de Ondina, o governo está mapeando todos os cargos na Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), indicados por ele, para degola sumária.
A secretaria era comandada pelo ex-deputado federal Nestor Duarte Neto, que pediu demissão anteontem depois de um encontro pela manhã com o governador Rui Costa (PT) no qual o petista lhe pediu desculpas, mas alegou que, devido ao comportamento de Nilo, sua permanência no cargo ficara insustentável.
Em seguida, Nilo foi à imprensa acusar Rui e o senador Jaques Wagner de serem uma “fraude” por terem prometido uma mudança na lógica de comando do Estado, mas governado todos estes anos com os principais quadros produzidos na política pelo ex-senador ACM.
Haveria evidências no governo de que Rui pensara em preservar Nestor, cujo trabalho dava demonstrações de admirar, mas foi pressionado pelo senador a recomendar a porta de saída ao auxiliar sob o argumento de que a demissão teria um caráter, além de “exemplar”, “simbólico”.
Para não criar um conflito com o candidato do PT ao governo, Rui acabou assentindo. Mas a determinação de Wagner causou surpresa dada a relação pessoal e de amizade que, se supunha, tinha com Nestor, que também tornara-se muito próximo do governador no período em que serviu ao governo.
Além de vizinhos no bairro de multi-milionários da Vitória, o senador e o ex-secretário eram muitas vezes vistos fazendo natação juntos entre os piers de seus respectivos arranha-céus luxuosos. Bons convivas, também costumavam trocar frequentemente impressões e dicas sobre relógios, vinhos e política.
A irritação do senador com Nilo, além do desejo de lhe dar uma lição, parece ter jogado para o espaço qualquer consideração com o vizinho.