Na tentativa de embarcar na onda bolsonarista, a maioria dos políticos que concorrem a governos estaduais no segundo turno já declararam apoio ao presidenciável do PSL, com alguns candidatos inclusive contrariando a direção nacional.
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem a preferência de candidatos a governos estaduais em quase todas as regiões, perdendo para Fernando Haddad (PT) apenas no Nordeste, tradicional reduto petista. Tal mapa de apoios segue o mesmo padrão dos resultados dos dois candidatos à Presidência nas urnas no primeiro turno.
Não se trata de mera coincidência, mas sim de estratégia eleitoral. Em alguns casos, os políticos regionais contrariam a direção nacional do próprio partido para aproveitar o bom momento de Bolsonaro, que ficou com 46,03% dos votos no primeiro turno, contra 29,28% de Haddad.
Dos 28 palanques disponíveis nos 14 estados que terão segundo turno para governo, o candidato do PSL já conta com o apoio de 15 candidatos, sendo que três são do mesmo partido. Por enquanto, Haddad conseguiu apenas três manifestações públicas de apoio para este turno, incluindo a da única candidata do PT. São dez candidatos que ainda não definiram apoio ou se declararam neutros.
Entre os candidatos aos governos estaduais, há uma tendência a seguir o discurso do presidenciável que obteve mais votos na região, aponta Eduardo Grin, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Como no segundo turno muitos candidatos estaduais não possuem integrantes da sua legenda na disputa à Presidência, os diretórios nacionais dos partidos acabam liberando o apoio. Em muitos casos, há uma tendência de determinados candidatos apoiarem o presidenciável que representa algo parecido ao que ele defende”, afirma”.
“Por exemplo, João Doria (PSDB) representa um antipetismo e, então, apoia o Bolsonaro. Até o seu discurso ficou mais agressivo para se aproximar do discurso do candidato do PSL”, diz o professor.
O PSDB, que disputou o primeiro turno com Geraldo Alckmin, disse aos eleitores do partido para decidirem o voto “de acordo com a sua consciência” e “convicção”. Enquanto Doria declarou apoio ao capitão reformado, a esquerda do partido optou publicamente por Haddad.