Presidente nacional do DEM, o prefeito ACM Neto disse, ontem, que quer distância da crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o seu partido, o PSL.O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, e Bolsonaro estão há mais de uma semana em atrito, depois de o chefe do Palácio do Planalto afirmar que o colega de partido está “queimado pra caramba”. “Essa confusão é do PSL e dos seus membros. Essa confusão é do PSL com o governo e com o presidente. Eu não tenho nada a ver com isso. Quero distância dela, tá certo? Quero correr ano-luz dessa confusão”, afirmou Neto, em entrevista à imprensa.
Nesta semana, o conflito ganhou mais um capítulo quando Bolsonaro tentou retirar o Delegado Waldir da liderança do PSL na Câmara dos Deputados para colocar o seu filho, Eduardo Bolsonaro. O presidente da República acabou, no entanto, tendo uma derrota porque a maioria da sigla decidiu manter o atual líder. A única deputada federal do PSL na Bahia, Dayane Pimentel, se posicionou a favor da permanência do Delegado Waldir, mas negou que esteja contra o mandatário da República. “Não estou contra ninguém, muito menos contra meu grupo”, frisou, em uma postagem nas redes sociais. Dentro da cúpula do DEM, a avaliação é de que esta articulação de Bolsonaro comprova que o chefe do Palácio do Planalto quer o “controle do PSL”. Bivar foi alvo recentemente de operação da Polícia Federal que investiga suposto esquema de candidaturas laranjas. Na avaliação de integrantes do DEM, a medida foi orquestrada pelo Palácio do Planalto para atingir o adversário.
Em áudio vazado pela imprensa nacional de uma reunião privada da ala bivarista do PSL, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), revelou ainda que há um plano sendo debatido nos bastidores do Congresso Nacional para uma possível fusão do PSL com o DEM. “Ontem a gente foi na casa do Rodrigo, tava o Mendonça, tava o Rodrigo Maia ligando pro ACM, comigo e com o Rueda. Eles estão louco esperando para fazer a fusão do Democratas com o PSL. Eu tô tentando segurar essa porra, porque eu não quero que aconteça”, disse Francischini no áudio.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, aconteceu há três semanas uma reunião do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ACM Neto e Antonio Rueda, vice-presidente do PSL, para tratar de uma eventual fusão do partido com o DEM. Ontem, ACM Neto disse que “mal conheço” o deputado Francischini. “Nunca sentei para ter uma conversa com ele. Então, eu não sei. Aí ele atribui a uma reunião em que eu não estive presente porque eu estava em Lisboa e não em Brasília. Eu ouvi os áudios. Não sei de onde isso foi tirado. E não vou especular sobre esse assunto”, emendou. O prefeito disse, ainda, que a polêmica prejudica o país.
“O ideal é nós estivéssemos vivendo momentos de tranquilidade, de estabilidade política no país. Isso facilitaria muito mais o avanço de agenda de aprovação das reformas econômicas que são tão importantes para destravar o crescimento e garantir a retomada do emprego. Se me perguntar é bom o país que o presidente esteja brigando com o seu partido e vice-versa? Não, mas eu não tenho que me meter nisso. Não sou do PSL, não pertenço a esse partido, não tenho o que opinar. É problema do PSL e de Bolsonaro e eles é que têm que se entender e resolver o problema deles”, disse.